sexta-feira, 22 de julho de 2011

[Seu Título Aqui]

Na minha experiência, títulos só estragam as coisas.
Com os títulos, vêm as expectativas; vêm as decepções, que são inevitáveis.
Transforme um romance em "namoro". Aí é que vão começar as cobranças, as perguntas desconfiadas e as mágoas. Agora, transforme esse namoro em "casamento". Novamente, na minha experiência, isso significa transformar esse "namoro" em DIVÓRCIO. Começa a acomodação, o desrespeito, o tédio e as traições.

Num livro, o título, geralmente, é a primeira coisa que te atrai a ele; é o que te faz parar, voltar e pegar um livro. Então você o vira para ver a sinopse, ou o abre para ter uma ideia do que se trata, mas você o faz com uma certa expectativa baseada no título do livro. E são essas expectativas que te fazem largar o livro de volta na estante quando não são atingidas.

Nunca gostei de intitular meus contos. Acho que passo mais tempo pensando num título adequado do que escrevendo o conto. Nas redações do colégio, me disseram que o título não era obrigatório (mentira!); adorei! Mas sempre me cobravam depois. Preferia que as pessoas fossem ler meus escritos sem nenhuma expectativa do que encontrar. Já na faculdade, comecei a escrever contos legais e seus títulos, as vezes, brotavam do nada como o próprio conto. E geralmente eram títulos que não deixavam margem para muitas expectativas.

Morar numa cidade pequena me rendeu alguns títulos; me extraiu completamente a identidade. Aqui não sou a Ana. Sou a "filha do juiz", a "mãe do Diego", a "filha da Elisa" e por aí vai. Não sou apenas "Ana". E com esses títulos, vem certas expectativas; vem as especulações, que são acompanhadas do desinteresse das pessoas em realmente me conhecer. Então, com isso, sou "mimada, metida, egoísta", "estranha, aparentemente irresponsável".
Morar numa cidade pequena, onde todos me conhecem e eu não conheço metade, me fez solitária; me fez optar pela solidão como método de segurança, que talvez me intitule como antipática.

Saudade da vida de anonimato, em que eu era apenas mais uma estranha na multidão...

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