sexta-feira, 19 de junho de 2009

Resultado


Pois é. Eis o resultado da inspiração de ontem. O conto que acabou sendo criado e terminado em, mais ou menos, uma hora.


Clichê


"Clichê... Clichê.... Clichê...."

Parecia que todas as boas e ótimas idéias já haviam sido pensadas e utilizadas. Não havia mais nada de novo para ser criado. Tudo já existia.

"Por que eu tinha que ter nascido justo agora? Por que não nasci alguns séculos antes?"

- Sophia.

"Por que não nasci na época de Shakespear, ou Vitor Hugo, Lord Byron, Álvares de Azevedo, Maupassant..."

- Sophia!

- Sim, professor?

- Tente me trazer um trabalho melhor para a próxima aula.

- Ok...

" É fácil para ele pedir isso, quando não tem mais um monte de coisas para fazer..."

- Maldito professor....Malditos professores.... - Murmurou Sophia.

Às vezes, os professores lhe pareciam monstros. Pareciam não levar em consideração o fato de que haviam mais aulas além das deles próprios. Aparentemente, esqueciam-se do fato de que os alunos tinham outros trabalhos a fazer. Afogavam os alunos em tarefas com, no máximo, duas semanas de prazo. Tarefas impossíveis de serem realizadas, todas de uma vez, em duas semanas ou menos.

"Para a próxima aula..."

Precisava das notas para não repetir a cadeira. Apesar de que esta, não era uma má idéia afinal, assim, melhoraria sua escrita. Infelizmente, todas as idéias que vinham à sua mente eram idéias repetidas, tiradas de algum filme, peça ou de outra história. Mas agora, precisava se concentrar na aula seguinte. " Concentra... Concentra... Que tipo de história deveria escrever? Concentra!"

Felizmente, a aula não exigiu muita concentração e, muito menos, atenção. Graças a isso, o tempo passou voando. Agora, "piloto-automático ligado. Rumo: casa". O caminho passou, tão despercebido, quanto a última aula. E, mais uma vez, os ponteiros do relógio giraram com uma rapidez incrível. Chegando em casa, reto para o computador. Precisava escrever algo. Que fosse uma porcaria, mas precisava escrever algo... Algo original. A música! Esta sempre lhe acalmou e ajudou. Resolveu ouvir, mais uma vez, o que já havia passado o resto do dia ouvindo: O Fantasma da Ópera. Pronto, agora poderia começar a escrever; mas algo estava faltando. Ah, sim... Uma idéia... Em frente ao seu computador, bem confortável e já com uma taça de um vinho qualquer que achou perdido por lá, abriu o Word e ficou encarando aquela tela branca quase capaz de cegar alguém, ao passo que sua cabeça estava tão vazia quanto a tela.

"Stranger than you dreamt it, can you even dare to look or bear to think of me..." " Fear can turn to love - you'll learn to see..."

A música não a estava ajudando. Só conseguia pensar nas cenas trazidas por ela. Começou a pensar nas mácaras, nas cores, nos sorrisos, nas roupas, na música. A doce música...

A melodia parecia ter criado vida. Parecia mais forte e tinha cores. Como era colorida. Avistou a roda-gigante, a montanha-russa, o carrossel. O cheiro de pipoca e maçã caramelada invadiram sua cabeça. Estava estasiada. Correu alegremente por entre as pessoas deixando apenas o rastro de seu vestido azul; afinal, era apenas uma menina. Após dar uma volta por todo o parque, parou para respirar um pouco. Não deveria estar com alguém? Mas, com quem? Olhou a sua volta. Rostos estranhos e nenhum a sua procura. À procura de alguém, seus olhos encontraram olhos que a miravam. Olhos gentis. Um estranho. Talvez a conhecesse. Não lembrava. Sem muito pensar, caminhou até ele.

- Olá, garotinha.

- Você sabe quem sou eu?

- Sei sim. Vou levá-la até seus pais.

O gentil estranho pegou sua mão e foi a guiando até uma barraca grande mais afastada do resto. Apesar do medo que a tomou quando chegou perto do local, continuou seguindo o sujeito até entrar naquele lugar tão assustador. Estava escuro e sua mão apertou mais forte a mão daquele desconhecido que, rapidamente, escoregou sua mão para longe da pequena mãozinha. Naquela escuridão, a pequena menina estava completamente perdida. O desespero tomou conta de todo seu corpo, mas não chorou. Não ainda. Rostos começaram a se iluminar. Máscaras de palhaços. A menina esboçou um sorriso que, assim que os rostos se aproximaram, sumiu. Eram assustadores. Logo, os palhaços e tudo mais começou a girar. Gargalhadas, sorrisos maliciosos e um canto aterrorizante começou a soar.

Acordou assustada. Ainda estava sentada na frente do computador. Não lembrava do que havia feito. Quando ligou a tela do computador, avistou a página do Word. Ainda em branco... Passou sua mão pelo cabelo deixando-a deslizar até sua nuca. E com isso, o sonho se foi.

"Eu poderia escrever sobre o sonho... Como era mesmo?
Kisses! ;*

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